O DIA EM QUE A LONA CAIU
...meus neurônios, em trabalho incessante, para arquitetar, equilibrar e sustentar uma lona para que não chova no meu pensamento.
A chuva vai e vem, eles correm com suas escadas, para sustentar onde a lona ficou mais pesada... agora vai piorar - avisou um sentinela! Mas o projeto é bom, e lá correm eles com suas bases de sustentação e retiram novamente qualquer excesso de água que cause alguma deformidade na cobertura.
Um dia só vem a garoa, fina, fria... mas bem mais fácil controlar. Os engerônios descansam... aproveitam pra dormir, já que o trabalho dos últimos dias foi - apesar de estável - contínuo.
Sempre alerta, o novato da equipe avisa: atenção, hoje o tempo pode desestabilizar e cair uma chuva forte! Mas os mais experientes, uns sentados aqui, outros alí não acionaram o sprinckler invertido no momento necessário.
Ouvem ? Trovões ? Mais e mais fortes... agora eles se agitam para todos os lados procurando equilibrar... equilibrar. Mas a lona apresenta bolsas d´água pra todos os lados, um alerta foi acionado, corram engerônios, corram, salvem a estrutura, ali, não pode, não pode chover! - grita silencioso o meu cérebro!
E as sombras que se formavam no solo, com a aproximação de cada ponto onde o acúmulo da água gerava, corriam soltas, perdidas, tentando se abrigar. Minutos infindáveis, e os arquitetos da minha mente, já tendo utilizado de todo o seu conhecimento e técnica, sucumbiram, molhados, na explosão contida, contínua e invasiva.
"Mas tem gosto de sal com açúcar..." - disse um operário insensato. "Calado", diz o mestre.
Agora temos que desenvolver o talude para a decantação. Tem coisa que ainda vai servir na reconstrução.
w.e.