E eu nem desconfiava. E era carnaval, e era madrugada.
Ele chegou devagar, falou devagar.
Aquele olhar profundo que ainda hoje posso ver (e me perder)
E era mais um copo,
mais um whisky barato
E agora já era quase manhã
Mas ele chegou, depois ficou
E eu de preto, de luto, de surto na calçada
E ele me levou – olhei o rio, a água contrária. Os nossos
passos.
Olhei você – e um telefone no meio do caminho fez meu mundo
rodar
E seu toque minha boca sua voz meu olhar já eram trocados
Meu toque sua boca minha voz seu olhar
Meu mundo ali. Agora eu era Nasa, sem gravidade. Mas tinha
você.
E o melhor beijo dos meus dias. E eu ali já sabia.
E foram tantas as nossas madrugadas (e nossas risadas)
Passam tardes, anos, horas.
É só fechar os olhos
E já é madrugada de novo. E é dia dez de maio de um ano
depois de muitos outros
E é teu olhar. E é minha voz. E é tua pele. E é meu beijo. E
é tua boca.
Mais saudade de novo. Distância administrada. Muita estrada.
Mas o teu olhar que é meu. O meu beijo que é teu.
E era sem gravidade. E era quase hoje. E era saudade. E o
rio está lá.
E o silêncio da catedral. E o sorvete pra alegrar o dia. E
sua camiseta de banda de rock.